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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

ESCREVENDO: O pastor canalha e a ovelhinha carente













O PASTOR CANALHA e a OVELHINHA CARENTE


Estava eu no borracheiro.

Pneu furado.

Do carro, claro.

No local havia um rádio em volume bem alto. Estava sintonizado numa programação ‘evangélica’ que não somente eu, mas todos os passantes eram obrigados a ouvir.

Tocava músicas gospel de péssimo gosto.

De repente, a música foi cortada e entrou no ar a ligação de uma ouvinte.

Ela pedia ao pastor que orasse por ela porque o seu marido havia abandonado a casa e ela estava muito triste com a ruptura.

O aprendiz de diabo do outro lado, tratado pelos ouvintes como pastor, disse que iria orar, mas antes iria lhe dizer (dizer à pobre senhora) o que o Senhor lhe estava revelando.

Com música de fundo para criar suspense o mentecapto disse: “Foi uma vizinha... sim... uma vizinha pegou uma peça íntima sua e fez trabalho para destruir seu casamento...”

E prosseguiu em seu trabalho de arruinar a vida da ouvinte e o seu provável bom relacionamento com os vizinhos: “Bota a mão, aí, no seu útero... do lado de fora, na direção... vê se você não sente uma queimação... sente ou não sente?... Claro que sente porque é Deus que está me revelando...”.

O canalha disse muitas outras coisas. Depois orou... orou não... determinou, como eles gostam de fazer, que o trabalho feito pela vizinha, e que além de destruir o casamento da ouvinte ainda lhe causara um câncer fosse desfeito e o tumor extirpado. Tudo, é claro, com a autoridade que recebeu de Jesus.

O pneu ficou pronto, o carro foi liberado e eu fui embora.

O drama da senhorinha, porém, ficou na minha cabeça. E na minha garganta o pastor ficou atravessado. Canalha!

Deveria ser preso por estelionato.

Não disse nada que pudesse, de fato, minorar o sofrimento de sua desesperada ouvinte, inventou para ela um tumor no útero e lhe incutiu uma desagradável desconfiança em relação a todos os vizinhos. Ou vizinhas.

Em síntese, ela ligou porque tinha um problema sentimental e saiu com mais dois: um físico e outro social, ou de relacionamentos.

Como disse, eu fui embora antes de acabar a ‘consulta’. Mas estou certo, pois conheço a índole de gente desse tipo, muito provavelmente ela foi convidada pelo pastor a comparecer em um de seus cultos de libertação, para que o trabalho fosse desfeito (não sem antes arrancar dela todos os recursos possíveis).

Meu Deus!

Tem misericórdia daquela senhora. Sê o socorro dela. Abre-lhe os olhos para que veja e dê-lhe discernimento para que saiba distinguir entre um pastor e um lobo. Entre um discípulo de Jesus e um canalha.

P.S.: A nota mais triste é que o aludido pastor não é único. Pelo contrário, é um diabinho nanico. Um aprendiz de enganador com incontáveis mestres que superlotam os mais diversos meios de comunicação.

Paulo Natalino Dian

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