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sábado, 4 de dezembro de 2010

AINDA QUE LENDO, OUÇA! Farinha pouca, meu pirão primeiro










FARINHA POUCA, MEU PIRÃO PRIMEIRO

Vivemos num mundo de desigualdades e numa sociedade onde o egoísmo de alguns faz com que uma minoria tenha muito de tudo, enquanto que a maioria não tem nada de nada.

Mas a nota mais triste é constatar que as desigualdades atingiram o ambiente evangélico e as igrejas, em sua maioria, passaram a ser verdadeiros arraiais de desiguais, com cada um cuidando de seu pirão. Isto é, para aqueles que têm a farinha.

E é pensando no seu pirão que a minoria possuidora da farinha, indiferentemente da fé que professa, com a proximidade do natal (que ano após ano vem descaracterizando-se como celebração do nascimento de Jesus) movimenta-se em todos os sentidos, seja na preparação de suas casas, que precisam ficar bem bonitas, seja na aquisição de presentes (que naturalmente serão dados aos seus iguais), seja na elaboração do cardápio, onde os produtos, os mais diversos, têm de ser inseridos na lista. Afinal, numa mesa natalina que se preze, não pode faltar aquilo que os iguais da televisão recomendam.

Mas voltemo-nos para aqueles que não têm a farinha e que, por conseguinte, não terão o pirão.

Não exatamente nos bilhões de pessoas que habitam nosso mundo e nem nos milhões de brasileiros que teimosamente, apesar da falta de farinha, insistem em viver, mas naqueles que comungam conosco da mesma fé, que se sentam ao nosso lado nos bancos das igrejas, que cantam conosco “somos um pelos laços do amor”, aos quais, pela paternidade comum chamamos de irmãos e que, no natal, ficarão com suas cuias vazias por uma razão muito simples: mesmo nas igrejas alguns são mais iguais que os outros, e estes mais iguais vão dar tudo de si para si mesmos e para aqueles de seu grupo, enquanto que os menos iguais, em suas casas desenfeitadas, sem presentes para abrir e sem mesas fartas (talvez até por não terem mesas), terão que se contentar em ver e ouvir da beleza do natal dos outros, dos iguais mais iguais.

Envergonhado por apenas constatar um fato sem fazer nada para reverte-lo, quero render a minha homenagem a essa maioria humilde, carente e estranhamente resignada e alegre dos menos iguais, lembrando-lhes que o natal é a festa do nascimento de Jesus, e se Jesus estiver presente em suas casas e vidas, então terão incontáveis motivos para festejar e agradecer a Deus, a despeito da casa feia, ausência de presentes ou mesa vazia.

Isto porque o dono da festa, que anda um tanto esquecido por muita gente, está interessado não na ostentação dissimulada, mas no coração e na gratidão daqueles que por ele foram salvos.

E se for assim, então essa maioria pode ter certeza que, apesar da falta da farinha, recolhida egoisticamente pelo grupo dos mais iguais preocupados com o seu pirão, o aniversariante alegrar-se–á muito mais com o seu nada, que com o tudo deles.

Paulo Natalino Dian

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