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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

ESCREVENDO: Preconceito










O homem preconceituoso e o moleque inconseqüente


Eles tiveram os seus segundos de fama no último domingo, no Fantástico. Aliás, de má fama.

Ambos são machos. Digo isto, apenas, para definir-lhes o sexo.

Contudo, apenas um é homem. Preconceituoso. Mas homem.

O outro é um moleque inconseqüente. Um filhinho de papai, que, até que se prove o contrário, nunca produziu nada de útil na vida.

O primeiro é um homem cheio de preconceitos contra os nossos irmãos do nordeste, bravos, fortes e tão bem retratados por Euclides da Cunha na sua obra “Os Sertões”.

Morador de São Paulo, ele é autor de um e-mail cheio de palavrões e ofensivo aos nordestinos, chamados de “povinho de cabeça chata”.

O segundo, por sua vez, que mora próximo à Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio e Janeiro, resolveu mirar nas pessoas do subúrbio e da Baixada Fluminense e que visitam a árvore de natal, com declarações que causaram mal estar ao delegado que apura o caso. “Chega a ser repugnante o que está escrito, dizendo que as pessoas que moram no subúrbio, que moram na Baixada, são menores, são piores, são gentinha”.

Os dois foram tirados do anonimato para responderem por seus atos.

O primeiro, cínico e preconceituoso, tergiversou um pouco, mas, depois, se equilibrou sobre as pernas e disse “Eu não me arrependo de criticar. Eu me arrependi de usar as palavras que eu usei...”.

Questionado se sabia que estava cometendo um crime, zombou: “Cara, se é crime isso, a gente vai ter muito criminoso solto por aí.”

Como se vê, está enlameado de um preconceito nojento. Mas foi homem para assumir, ainda que em parte, sua posição.

O segundo, por sua vez, pego com a boca na botija, amarelou e disse: “Era só uma brincadeira”.

Brincadeira de mau gosto hein coisinha! Brincadeira de mau gosto.

Mas o delegado já percebeu qual é a dele.

E, agora, não adianta botar o rabinho entre as pernas e se recolher debaixo da saia da mamãe ou da genitália do papai.

Tá grávido meu filho!

Vai parir um processo. Vai ter de se defender. Vai obrigar o papai a botar a mão no bolso para pagar o advogado.

Vai ser preso? Precisava ser! Porque, do contrário, vai achar que a razão está do seu lado.

Mas provavelmente, por ser primário, venha a usufruir de alguns privilégios da lei, como, por exemplo, a substituição da pena privativa de liberdade por outra mais branda.

Mas, sendo preso ou não, chegará o dia em que um morador da periferia ou, quiçá, da Baixada vai olhá-lo de cima e vai jogar terra em cima dele.

É a vida. Ou melhor, é a morte igualando a todos.

Tomara que, bem antes disso, ele caia em si e perceba que, em essência, todos são iguais e que os vermes que comem cá, comem lá.

Claro que, dentre muitas outras coisas, nossas atitudes nos distinguem e, no caso dele, foi distinguido pelo preconceito, pela inconseqüência e pela incapacidade de ser homem para assumir.

Paulo Natalino Dian

Quem quiser ler e ver a matéria, segue o link:

http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1639045-15605,00-JOVENS+HUMILHAM+NORDESTINOS+E+POBRES+EM+COMUNIDADES+PELA+INTERNET.html

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