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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ESCREVENDO: Esmolas















ESMOLAS: DAR OU NÃO DAR? EIS A QUESTÃO.
       
        Dar esmolas seria uma forma salutar e recomendável de amenizar os problemas sociais? Há problemas sociais suficientemente grandes que justifiquem a presença de tantos carentes nas ruas? Como encarar o pedinte: carente ou explorador? Ou seria um acomodado oportunista?
       
        A prática de pedir esmolas remonta a tempos mui antigos. Sem a pretensão de estar sendo exato, posso deduzir que tal iniciativa pode ser verificada desde o momento em que a humanidade começou, num movimento egoísta, a se dividir entre dominados e dominadores, e os mais fortes começaram a explorar e espoliar aqueles que se revelaram ou foram feitos mais fracos, tendo se propagado no tempo e chegado aos nossos dias.

        As pessoas reagem diferentemente diante do assunto. Existem aqueles que afirmam que é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe.

        Mas não seria esta uma forma cômoda de se omitir e não fazer nada em favor daquele que bate à nossa porta pedindo ajuda? Têm os partidários desta filosofia reservado tempo para “ensinar ao pedinte pescar”?

        Outros, diante de um pedido, se feito por mulher, recomendam procurar uma trouxa de roupa para lavar; se feito por homem, um quintal para capinar; se por criança, se omitem, alegando que estas estão sendo exploradas por adultos aproveitadores.

        Há ainda, os que generalizam e encaram todos os pedintes como pessoas indispostas a arregaçar as mangas, arrumar um trabalho e ganhar a vida.

        A grande questão é a seguinte: quantas pessoas estão dispostas a entregar suas roupas para um pedinte lavar? Quantos têm um quintal para capinar e quantos estariam dispostos a pagar por isso? Dizer que as crianças estão sendo exploradas por adultos não seria uma forma confortável de fica bem com a própria consciência e não fazer nada?

        Ninguém pode negar a realidade dos graves problemas sociais que vivemos. E não precisa muito desprendimento para se chegar à conclusão de que ninguém, salvo alguns aproveitadores, que são a minoria, cai na mendicância por opção. Dar esmolas seria uma forma salutar e recomendável de amenizar os problemas sociais?

        Existe uma lenda antiga, segundo a qual, uma floresta começou a pegar fogo, colocando em risco a vida de todos os animais que nela habitavam. Estes, ainda que desesperados diante do estrago que as chamas faziam e da perda de seu habitat natural ficaram parados, impotentes, comportando-se como meros espectadores que com sua atitude diziam: “não há nada que se possa fazer.”

        De repente alguém observou que um pequeno beija-flor ia até o mar, enchia o bico com água, voltava e lançava sobre as chamas. E isto fazia intermitentemente.

        Seus observadores, com desdém, perguntaram-lhe: “Você acha que sozinho vai conseguir debelar este incêndio?” Ao que o beija-flor respondeu: “Eu sei que sozinho não consigo resolver o problema; mas estou fazendo a minha parte”.

        Com certeza, não é com esmolas que se vão resolver os problemas que flagelam milhares de pessoas só em nosso país. Mas sem dúvida, é uma forma de o ser humano mostrar-se mais humano e mais solidário.

        E ainda que haja o risco de ser vítima de alguns aproveitadores, estará, com certeza, aliviando as dores produzidas pela fome, cuja dimensão, só sabe quem já sentiu.

Paulo Natalino Dian

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