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sábado, 5 de junho de 2010

PÔ, É POESIA! Indigente




















INDIGENTE

Não foi fruto de um momento de amor; foi produto da necessidade, sob a ponte, anteontem.

Nasceu sem horizonte.

— Me conte filho!

Sem brilho me fitam seus olhos... bugalhos... imbróglios.

Amadureceu por atalhos. Chegou primeiro.

Perambula o dia inteiro.

Chocalho nas mãos de aproveitadores. Bandidos de várias cores... negócios... patentes.

Viveu sem ser vivente.

— Gente? — Gente. Ou seria indigente?

Aprendeu a se virar. E se vira sem parar. Para lá e para cá.

O cordão umbilical foi cortado. Afinal, é assim que deve ser.

Só faltaram lhe dizer que podia ficar. Mesmo sob a ponte... igual a um monte... sem horizonte.

E então ele se foi. Se foi e se envolveu com outros do tipo seu.

Meninos sem amanhã... sem maçã... sem divã...

Maçã até que tem. É só chegar e “filar” na banca de alguém.

E é lá que ele pega e corre. Mas de susto quase morre.

Não morre, mas se borra.

Foi a primeira vez. Tem sempre a primeira vez. Depois vira freguês.

E aí já vira farra. Escondido ou na marra vai enchendo sua barriga. Com briga ou sem briga.

‘Té que um pária lhe aparece e oferece um amanhã.

— Sem maçã?

— Com maçã. Com maçã e com divã. Sem ponte, mas com horizonte.

Já prometera a um monte.

Já fizera seguidores... trabalhadores... soldados.

Ele fica encantado.

— O mundo! — Vai fundo. Profundo.

Se julga um bravo... um forte...

A morte com a cara feia que tão de perto rodeia, não assusta o herói.

Nas veias do já rapaz, igual a tantos iguais, corre sangue e algo mais.

Cannabis... crack... morfina...

— Cocaína? — Cocaína. Presente do “lá de cima”, de quem ele é olheiro.

Tem jornada de “trabalho”! Cumprido o seu horário, desce o morro.

“Otários” lá do asfalto serão agora a seara.

— Mãos ao alto! — Assalto? — Assalto.

— Faz a limpa e sobe o morro, feliz com a vida malsã.

Agora ele tem divã. Tem divã e tem maçã. Tem maçã...

— E amanhã?

— Amanhã ele não tem...

Nunca mais será alguém.

Secou a fonte...
Acabou seu horizonte...
Morreu embaixo da ponte...
Igual a um monte...
Anteontem.

Passantes indiferentes, judeus... islâmicos... crentes...

Espiam e seguem em frente.

Não é parente.

— É gente? — É gente.

Melhor dizendo, indigente.


Paulo Natalino Dian
























CONHECER PARA AMAR

Defeitos?
Quem não os tem?
Você conhece alguém?
Alguém que seja perfeito?
Eu não conheço ninguém que não tenha um defeito.

Então... por que o preconceito e esta pose altivista?
Por que não me dá o direito de pertencer à tua lista?
Por que me isola do grupo e me deixa assim sem jeito?

Por causa dos meus defeitos?

Será que eu sou pior que aqueles que tens ao lado?
Vá lá que seja... e aí? Desprezar-me é o caminho?
Ajudar-me a melhorar não seria o indicado?

Coitado, não! Eu não quero ser coitado.

Eu queria desfrutar do que chamas de união.
Eu queria ser irmão e do grupo ser querido.
Queria ser recebido com a mesma empolgação.
Com aquela empolgação que recebes aos preferidos.

É tão difícil assim atender-me em meu pedido?

Eu sei. Cantando desafinei e aí você se foi. Se foi e sentenciou:
— “Ele não sabe cantar”!
“Não dá para receber, no grupo, e integrar, alguém assim, démodé, e que não saiba cantar”!

— É ‘vero’. Não sei cantar.

Mas... só quem canta que conta?
Quem não canta, não encanta?
É assim aos olhos de DEUS?

Senhores! Eu tenho outros valores!

Eu gosto de conversar... de aprender... de ensinar...
Porém não tenho com quem.
Procuro e não há ninguém.
Ninguém quer se apresentar.
Conhecer para amar.

O outro me desprezou por causa do meu chulé.
A ele não preocupou estar sendo antiético.
Nem ao menos se lembrou que mais importante é o pé.
Nem tampouco receitou o tal polvilho anti-séptico.

Estou só e infeliz.
Afastaram-me do grupo prá pouparem o nariz.
Um simples cheiro... e me excluem por inteiro.

Conhecer para amar?
Afastar prá não cheirar.
Conhecer-me? Ninguém quis.
Integrar-me não dá pé. Não sirvo. Tenho chulé.

— “Aquele outro não dá, prá conhecer e amar! Com a cara dele não vou”.

— Ainda bem que não vai. Duas caras é demais.

Mas.. quem é o outro afinal?
Também não é filho de DEUS?
Se é, não é teu irmão?
Desprezas aos irmãos teus?

Que pensa sobre, o teu DEUS?
Tens dele aprovação?
Eu penso que não tem não.

Pense na grande seara.
Um corpo, não é só cara!
Se com a cara não vais, ao todo desprezarás?

— Não me deixa aproximar por causa de um tal cecê. Prefere me excluir transformando-me num caco. Não pensa em me conhecer...
— “Não com aquele sovaco”!

— Me aceitaria sem braço?
Por certo não. — “Sem abraço”!?

— Não me acham interessante. Com braço ou sem... que horror!
Se me aceitassem um instante... e dessem um desodorante... evitariam minha dor.

— Escutem-me, por favor!
As pessoas têm valor!
Prestem-me, pois, atenção.
Não se pode pré-julgar... simplesmente desprezar... ignorar, excluir.
O que nos mandou JESUS, em relação aos irmãos?
Foi somar ou dividir?

Defeitos, quem não os tem?
Você conhece alguém?

Tu também não tens defeito?

Receba, pois, teu irmão.
Dedique-lhe atenção.
Ajude-o a se integrar.
Ele é igual a você.
Ame-o pra o conhecer...
Conheça-o para o amar.

Paulo Natalino Dian





















DÚVIDA CRUEL

Pelo que sou e pratico,
Muito confuso estou.
Não sei se vou ou se fico,
Não sei se fico ou se vou.

Se vou, de tudo abdico,
Se fico, nada eu sou.
Pois veja só como fico,
Por não saber: Fico ou vou?

Você iria ou ficava?
Por onde quisesse andava?
Cabeça erguida e... ou...

Muito inseguro estando,
Não ia, mas indagando,
Ficava: Será que vou?

Paulo Natalino Dian


















VIDA ABUNDANTE

A vida é assim, vai passando
Enquanto fico olhando,
Olhando e vendo passar.
O que está me aguardando?
À frente me esperando,
Pergunto: o que estará?

— Quem a JESUS CRISTO vem,
Com certeza vida tem.
Vida eterna e sem fim.
Escute, pois a JESUS
Caminho, vida e luz
Pois ele diz: “Vinde a mim”.

Paulo N. Dian























QUEM?

Na Gávea ele nasceu. Diga-me quem,
Doutor em letras, leis... foi jornalista,
Mas não responda ainda, pense bem,
Pois ele foi além: poeta... artista...

Compôs lindas canções. São mais de cem,
Nas quais canta o país qual paisagista,
Poesias ele fez como ninguém,
Versando sobre o amor sempre intimista.

Ao lado de Toquinho e outros mais,
Movimentou mil bailes, carnavais,
Deixando com ternura sua mensagem.

Seu nome é Vinícius de Moraes,
A quem dedicaremos sempre mais,
A nossa mais singela homenagem.

Paulo Natalino Dian















SONETO DO BATALHADOR

Dificuldades vêem e a gente enfrenta,
E vai levando a vida como der.
Se o tranco é muito forte a gente agüenta
Com resignação, trabalho e fé.


Dificuldades tem quem acalenta
O sonho de chegar onde quiser
Mesmo em desvantagem a gente tenta
Estando pronto pra o que der e vier.

Quando vencemos a dificuldade
Que se arvorou disposta contra nós,
E vêmo-la ali, no chão, batida.

Somos tomados por felicidade,
E aos céus erguemos alto nossa voz,
Agradecendo a Deus o dom da vida.

Paulo Natalino Dian
















ESCREVENDO

Quero escrever “Parati”.
Pergunto a você: E daí?
Não posso escrever “Parati”?
Que posso então escrever?
Será que posso “você”?

Você eu quero... que tal...
Grafar “amor ideal”?
Amor ideal é demais!
Mas não grafado, rapaz).
Amor é mais prá se dar,
Não simplesmente grafar.

Vou mesmo escrever“Parati”.
Ou então o verbo “abraçar”.
"Abraço” é bom registrar,
Melhor ainda é se dar.
“Dar um abraço em você”.
Frase que gosto escrever,
Gesto que gosto fazer,
Sonho que gosto sonhar.

Paulo Natalino Dian
















GETSÊMANI

Missão cumprida. A vida? A vida chegou ao fim,
Prá mim é ponto final.
No mundo raiou a luz, aos homens trouxe o céu, agora posso voltar.

Mas ainda tem a cruz... a cruz me faz meditar.

Os cravos vão perfurar as mãos que vou estender.
As multidões vão gritar, com frases vão agredir, a mim que vim lhes salvar.
JESUS, O REI DOS JUDEUS, será minha acusação.
Não somente dos judeus... mas deixa isso pra lá.

Na cruz vão me associar, a marginais... pecadores... aos transgressores da lei.
Se me perguntam não sei. Qual lei que eu transgredi?
Foi quando o pão reparti? Ou quando aos cegos curei?

Ah! A cruz...

A cruz tem algo pior que a dor que vou suportar.
Eu sei que vão me humilhar... mas ’inda há algo pior.

Na cruz terei sobre mim pecados que não são meus.
Na cruz o santo de DEUS nos ombros vai carregar,
Da multidão tão hostil pecados que são só seus.

Como é que vou suportar?

Não dá para suportar... sozinho. Preciso orar.

Pedro. Tiago. João. Vamos até ao jardim. Devo clamar ao meu Pai.
Comigo então vigiai. Amigos... orem por mim.
Um pouco à frente estarei... meu coração vou abrir... lágrimas vou derramar...
Conto convosco ’té o fim.

Meu Pai, se for possível, sem que eu tenha de beber, este cálice, passa de mim,
Mas faça prevalecer a tua vontade, meu Pai.

Sinto-me na solidão. Vou até aos meus irmãos...

Pedro! Tiago! João! Amigos! Discípulos meus!
Será que pedi em vão? Dormistes sem vigiar?
Com quem eu posso contar?
Será que posso contar, convosco prá salvação, do mundo que vim salvar?

Velai, pois em tentação, vós havereis de cair, se ao invés de clamar,
Continuardes dormir.

De novo irei orar... meu coração vou abrir...
Quero convosco contar.
Será que posso contar?

Pai, todas as coisas a ti, possíveis são, eu sei bem...
Passa este cálice de mim, se aprouver, Pai, assim, tua vontade. Amém”


Vou de novo aos meus irmãos...

Não é possível, meu Pai...
Ordenei-lhes: Vigiai...
No entanto dormindo estão.

Pedro!! Tiago!! João!! Dormindo ao invés de orar?!
Com quem eu posso contar, se todos dormentes são?

Caireis em tentação... havereis de fracassar. Do mundo, o que será,
Se eu não posso contar convosco prá oração?

Mais uma vez vou orar. Quero convosco contar.
Será que posso contar? Curvai-vos, pois, e orai.

Pai, é esta a terceira vez e como das outras vezes só tenho algo a pedir,
Se te apraz ó meu Pai, passa este cálice de mim.

O cálice não vai passar. Bebê-lo-ei ’té o fim. Retorno aos meus irmãos.

Que grande decepção!
Pedro! Tiago! João! Estais velando assim? Dormindo ao invés de orar?
Com quem eu posso contar?

Minha obra vou encerrar... a vossa vai começar...
Com quem eu posso contar?

Eia vós que me chamais, em todas as catedrais, querido Senhor JESUS.
Se sou o vosso Senhor, respondam-me por favor, em que pensando estais?

No abismo da perdição, adentram as multidões... amigos... parentes teus.
Preciso lhes proclamar... com quem eu posso contar prá falar da salvação?
Pedro? Tiago? João? Não!

Um dia eu te salvei. Está ouvindo? Não sei.
Dormindo talvez... ou talvez,
Indiferente demais à sorte do mundo atroz, carente da minha paz, da salvação eficaz, do céu que quero lhes dar.

Levanta a tua voz! É hora de acordar!
Com quem eu posso contar?
Não ouves o murmurar dos muitos amigos teus?
Tem piedade de nós, mostre o caminho prá DEUS... por favor!... mostre o caminho do céu!

Ei! Tu me chamas de Senhor, acorda então, pelo amor,
Que dizes nutrir por DEUS.
Proclame a salvação, ao mundo irradie a luz...

Daqui a pouco na cruz, obedecendo ao Pai, minha vida vou entregar.
Salvar ao mundo propus... preciso então proclamar.
Com quem eu posso contar? Contigo eu posso contar?
Acorda, levanta e vai. Quem manda é o Senhor JESUS.

PAULO NATALINO DIAN.





















É O AMOR.

Você sabe o que é que me induz,
A querer dar-te sempre uma flor?
É uma força que em mim nunca supus:
É o amor, é o amor. É muito amor.

Você sabe o que é que me reduz,
À cruel condição de um sofredor?
Decifrar o mistério me propus:
É o amor, é o amor. É muito amor.

O amor que vivido faz sorrir,
E ao longo do dia festejar,
Dando sempre alegria ao viver.

É o mesmo que consegue infligir,
Tanta dor a quem dele se privar,
E levar sua vítima a morrer.

Paulo Natalino Dian


















DIVIRTA-SE, MAS NÃO ME ESQUEÇA

Serei tomado por grande saudade,
Que vai me apertar o coração.
Terei que enfrentar a ansiedade,
E ser mais forte que a tal tensão.

Mas como quero tua felicidade,
Pois é, há muito, tua aspiração.
Divirta-se a cada atividade,
Curtindo a praia, o rio, o verde, o chão.

Pois eu me alegro em tua alegria,
E sei que novos ares te farão,
Mui bem ao corpo, alma e cabeça.

Seja feliz, relaxe e sorria,
Tente driblar, também, a tal tensão
E por favor! Se der, não me esqueça.

Paulo Natalino Dian



















CAFÉ COM PÃO

Na sexta você era requeijão,
Engarrafada, branca e cremosa,
Aí a imaginei bem no meu pão,
Sendo ingerida de forma gostosa.

No sábado, no sol deste verão,
Você ficou morena e crocante,
Lembrava exatamente o próprio pão,
Com a casca assim, torrada e excitante.

Domingo, você veja como é:
Três dias sob o vento, o sol, no mar,
Tua pele escureceu. Não resisti.

Cheirosa e saborosa qual café,
Eu não me contentei somente olhar,
Botei você no copo e então... bebi.

Paulo Natalino Dian
























SONETO GOSTOSO

Como é gostoso encerrar o dia,
Vir para casa e encontrar sorrindo,
O meu amor com sua simpatia,
E os rebentos lindos, lindos, lindos.

Como é gostoso ter a alegria,
De se viver um amor por certo infindo,
E ter alguém, que sempre me auxilia,
Tudo entregando e pouco exigindo.

E há algo mais que revelar não posso,
Mas que faz bem, já que mui bem fazemos,
Num entrosamento de se invejar.

Neste instante o belo amor que é o nosso,
Se extravasa como bem queremos.
Como é gostoso ter alguém prá amar!

Paulo Natalino Dian

















JOIO OU TRIGO?


Às vezes se apresenta como amigo
E aparenta dar todo apoio
O tempo todo é tido como trigo
No entanto o que se tem é o velho joio.

Às vezes é disperso qual arroio
Tropeça... cai... se expõe a vis perigos
Então a gente olha e diz: É joio
Mas lá do céu Deus corta e diz: É trigo.

Talvez por isso Deus mandou amar,
Ao semelhante sempre ajudar,
‘Inda que seja nosso inimigo.

Atenda e ame. Não queira julgar,
Pois só Deus mesmo pode separar,
O falso e o verdadeiro. O joio e o trigo.

Paulo Natalino Dian

Um comentário:

  1. Boa tarde Paulo,
    Desculpe-me contatá-lo por essa via, mas não encontrei outra em que pudesse expor minha dúvida. Trabalho com o Pe. Reginaldo Manzotti (Curitiba/PR) e sou editora de livros. Para um dos livros que estou editando, necessito da imagem de um menino de rua, exatamente como a que encontrei em seu blog, que será usada esfumaçada, tipo marca d'água, no início de um conto que trata do assunto meninos de rua. Minha pergunta: Poderia ceder-me o uso, sem custos, de tal imagem? Fico no aguardo de contato e desde já agradeço pela atenção dispensada ao assunto.
    Mirian
    edcom@evangelizarepreciso.com.br ou edcom@padrereginaldomanzotti.org.br

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