Com a prisão do chefe do FMI, os EUA dão ao mundo a lição de que, lá, ninguém está acima da lei
O episódio da prisão, com algemas, camburão e tudo o mais, sob acusação de suposta agressão sexual, de um dos homens mais importantes, influentes e poderosos do mundo – o francês Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) –, é um episódio riquíssimo em lições.Gostaria de enfatizar a que mais me salta à vista: o fato impressionante de que, como se dá com os Estados Unidos, nenhum outro país do mundo se aproxima do ideal da igualdade de todos perante a lei.
É uma lição e tanto para os críticos esquerdoides do “imperialismo americano”, que maliciosamente colocam no mesmo saco erros e crimes cometidos pelo governo americano em sua política externa ao longo de décadas, torturas praticadas em Guantánamo durante o governo Bush (2001-2009), ações sombrias da CIA, sobretudo no passado — e um povo com respeito quase sagrado à Constituição e às leis, somado a instituições que, internamente, funcionam com grande grau de eficácia e do que poderíamos chamar da possível justiça.
Grandes empresários desonestos, altos executivos fraudadores, milionários sonegadores de impostos, governadores de Estado ladrões, parlamentares corruptos, atletas famosos e grandes nomes de Hollywood que deram um mau passo – a cadeia, nos Estados Unidos, esteve e está repleta, como em nenhum outro país do mundo, de criminosos das chamadas “elites” ou “classes dominantes”.
São tantos, e há tanto tempo, que foi nos EUA, nos anos 70, que se ergueu a primeira penitenciária exclusivamente para criminosos financeiros, no Estado de Connecticut.
Strauss-Kahn, político socialista francês que vinha se colocando à frente do presidente Nicolas Sarkozy nas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais do ano que vem, provavelmente está com a carreira destruída, seja qual for o desfecho desse episódio.
O diretor do FMI passa a maior parte de seu tempo em Washington, sede do órgão, e é conhecido, querido e respeitado nos EUA. Isso não impediu sua prisão espetacular — foi retirado pela polícia de dentro da primeira classe do avião que o levaria de Nova York a Paris.
Os EUA dão uma lição ao mundo de que, lá, ninguém pode se considerar acima da lei.
(Revista Veja, coluna do Ricardo Setti)
Como se vê, lá, a palavra de uma camareira merece crédito e a posição política e social do acusado não o torna imune aos ditames da lei. E ele, por enquanto, é apenas acusado.
Seus advogados ofereceram uma fiança de um milhão de dólares para ele responder ao processo em liberdade. A pretensão, porém, foi negada.
Enquanto isso, no Brasil, o monstro travestido de médico Roger Abdelmassih, CONDENADO a 278 anos de prisão, foi colocado em liberdade para, em liberdade, recorrer da condenação. Fugiu. Provavelmente para Líbano, onde, impune e regaladamente, gastará a fortuna acumulada pelas vias tortuosas que resultaram na sua condenação.
Vou ficando por aqui; estou ficando deprimido.
Paulo Natalino Dian
Nenhum comentário:
Postar um comentário